Internet contribui para erros de Português

Brasileiros acabam cometendo falhas principalmente na hora de escrever. E a maior culpada é a internet

A invenção dos aplicativos de troca de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, trouxe uma série de benefícios. Ficou mais fácil se comunicar ou mesmo resolver pendências de trabalho pelo aplicativo. No entanto, quem sofreu foi a língua portuguesa: na pressa de mandar um recado, usuários não se atentam ao modo de escrever e, vez ou outra, escorregam no idioma.

“Há uma grande displicência envolvida”, analisa Enilde Faulstich, doutora e professora de Linguística e Língua Portuguesa da UnB. “Mesmo com os corretores, há defeitos de acentuação e de concordância, por exemplo. Eles não corrigem e, na verdade, atrapalham”, opina a especialista.

Segundo ela, há uma diferença do que é cobrado em mensagens rápidas (como em publicações nas redes sociais) e textos formais, mas é desejável o cuidado com a linguagem em qualquer uma delas.

Veja os cinco principais equívocos cometidos pelos brasileiros.

Crase

Ela costuma ser a grande vilã da língua portuguesa. Fusão entre uma preposição e o artigo feminino “a”, a crase ainda gera muitas dúvidas. Por ser utilizada apenas antes de palavras femininas, uma dica para não errar é substituí-la por “ao” e por um substantivo masculino. Se a troca fizer sentido, com certeza a crase será empregada.

Exemplo:

Vou à escola no período da tarde nesta semana.

Vou ao cinema no período da tarde nesta semana.

Em alguns casos, o uso é obrigatório, como nas expressões às vezes e às pressas. No entanto, há confusão quando o assunto são as horas. Se não houver uma preposição antes, o artigo recebe a crase. Caso contrário, não é empregado para evitar redundância.

Exemplo:

O filme vai começar às 15 horas na quinta-feira.

O filme vai durar até as 15 horas na quinta-feira.
Concordância nominal e verbal

Outro erro comum de português envolve a concordância. Seja verbal ou nominal, alguns casos passam despercebidos na hora de escrever ou mesmo falar. O mais comum é a dúvida com os verbos haver e fazer. Se a frase não tiver um sujeito definido, ele estará sempre na 3ª pessoa do singular, mesmo que haja uma expressão no plural.

Exemplo:

Já faz seis meses que eu voltei da Austrália.

Havia doces por toda a parte em cima da mesa.

Outro exemplo é com o uso do “se”. Se for uma partícula indeterminadora do sujeito, o verbo também permanece na 3ª pessoa do singular, independentemente do singular e plural.

Exemplo:

Necessita-se de funcionário naquela empresa.

Necessita-se de funcionários naquela empresa.

Pronomes

É necessário tomar cuidado na hora de usar os pronomes, principalmente quando estão empregados com as palavras “eu” e “mim”.

Exemplos:

Meus pais compraram um computador para mim fazer trabalhos da escola. (INCORRETO)

Meus pais compraram um computador para eu fazer trabalhos da escola.

Meus pais deram um computador para eu. (INCORRETO)

Meus pais deram um computador para mim.

Os pronomes possessivos, como meu (s), minha (s), seu (s), sua (s), também podem gerar dúvidas nos usuários que estão lendo uma mensagem, por exemplo. Por indicar posse, eles precisam ser usados da maneira mais clara possível, para evitar ambiguidade.

Exemplo:

Pedro saiu com o seu pai. (O pai de quem? Não há como saber)

Pedro saiu com o pai dele. (CORRETO)
Regência

Além de causarem dúvidas no uso da crase, as preposições também podem ser uma “pedra no sapato” em relação à regência. Dependendo do verbo, ele pode ser transitivo ou intransitivo, o que pode provocar descuido e utilização incorreta. No caso de namorar, por exemplo, não há a necessidade da preposição.

Exemplo:

Fernanda começou a namorar com o Felipe ano passado. (INCORRETO)

Fernanda começou a namorar o Felipe ano passado.

Já o verbo assistir, no sentido de ver algo, observar, pede a preposição “a”.

Exemplo:

Vamos assistir a novela mais tarde? (INCORRETO)

Vamos assistir à novela mais tarde?
Confusão ortográfica entre x/ch, g/j, z/s/ss/ç

Por terem a mesma fonética, ou seja, o mesmo som, essas letrinhas acabam confundindo muita gente. O g e o j, por exemplo, causam dúvidas devido ao substantivo e ao verbo.

Exemplo:

Quero fazer uma viajem para os Estados Unidos. (INCORRETO)

Quero fazer uma viagem para os Estados Unidos.

Há que tomar cuidado também com o uso do x e do ch.

Exemplo:

Qual é o melhor tratamento para cachumba? (INCORRETO)

Qual é o melhor tratamento para caxumba?

A dúvida entre a utilização do z e do s e da ç e do ss também é muito comum entre os brasileiros. É necessário estudar e visualizar para que se lembre o uso correto de cada um.

Exemplos:

A expreção foi escrita errada. (INCORRETA)

A expressão foi escrita errada.

O meu filho fica bastante teimoso quando quer algo.

O meu filho fica bastante teimozo quando quer algo. (INCORRETO)

Fonte: Gazeta do Povo